quinta-feira, 26 de junho de 2008

Apresentação dos textos de Álvarez (2005) e de Leite (2007) – dia 10 de junho de 2008

A apresentação sob minha responsabilidade teve como textos básicos “Didáctica del texto en la formación del profesorado”, de Teodoro Álvarez e “Recontextualização e transposição didática: introdução à leitura de Basil Bernstein e Yves Chevallard”, de Miriam Soares Leite. A estrutura da apresentação foi organizada de forma a, primeiramente, contextualizar os textos e, em seqüência, apresentar as principais idéias das teorias de recontextualização e de transposição didática em Leite (2007) e a diferenciação entre tipo de texto e gêneros discursivos em Álvarez (2005). Por fim, busquei fazer considerações finais.

Na teoria da recontextualização, há, segundo Leite (2007), uma preocupação de Bernstein em criar uma linguagem conceitual que dê conta da construção do conhecimento escolar. Recontextualizar é reposicionar discursos originais, por meio da ação de agentes recontextualizadores com o fim de constituir um discurso pedagógico. Já, na teoria da transposição didática, o conhecimento original sofre um processo de transposição num esquema que envolve o entorno social, a noosfera e os agentes de transposição. Para Chevallard, o impulso da esfera de ensino se dá pela contradição entre os conhecimentos novos e os conhecimentos antigos. Para ele, podem ser agentes de transposição o currículo, o livro-texto, o professor e o aluno.

Álvarez (2005) escreve sobre os tipos de texto e os gêneros discursivos, bem como apresenta uma possibilidade didática para ensino de gêneros para professores em formação. Para o autor, os tipos de texto são uma configuração textual básica do discurso, de número restrito. Eles se situam nos domínios funcional, enunciativo e pragmático-situacional. São eles: a narração, a descrição, a exposição, a argumentação e o tipo dialogal-conversacional. Já os gêneros discursivos são realizações textuais prototípicas do discurso, de número ilimitado, regulados e determinados por práticas sociodiscursivas. Os gêneros tem uma relação sociodiscursiva de criação, existência e fim. Não é possível que eles contenham apenas um tipo de texto, embora possa haver predominância de um deles. Ocorrem na oralidade e na escrita, em diferentes suportes, como o papel, as telas, os muros e em diferentes contextos ou situações – familiar, profissional, burocrático etc.

Referências

ÁLVAREZ, Teodoro. Didáctica del texto en la formación del profesorado. Madri: Editorial Sintesis, 2005.

LEITE, Miriam Soares. Recontextualização e transposição didática: introdução à leitura de Basil Bernstein e Yves Chevallard. Araraquara: Junqueira e Marin Editores, 2007.

Resumos de livros que abordam questões relacionadas a determinismo e caos

Muito interessantes:

História e desenvolvimento das teorias da linguagem

No dia 06/05/08, na aula da Disciplina de Epistemologia e Linguagem da Educação[1], as mestrandas Cineri Fachin Moraes e Gisele Rizzon ficaram responsáveis por buscar as principais idéias e reflexões do texto de Coseriu[2]. A partir dos escritos de Eugênio Coseriu (1980), foram sintetizadas as idéias do Capítulo I: Premissas Históricas da Lingüística Moderna, Capítulo IV: A Lingüística entre o Positivismo e o Antipositivismo e o Capítulo V: Unidade e Diversidade da Lingüística Atual. A partir destes capítulos, percebemos a lingüística através dos tempos históricos e sociais. Assim, a lingüística moderna retoma posições teóricas existentes na antiguidade, há reformulações conforme as exigências sociais. Isso confirma que os problemas da lingüística atual não são novos e sim retomados e redescobertos no curso da história. Foi possível perceber através do texto a presença de quatro princípios Antipositivistas são eles: - Da universalidade ao fato isolado, - Da função, - A idéia de evolução: a diacronia se impõe a sincronia, - Distinção entre a ciência da natureza e a ciência da cultura, sendo que os três primeiros se identificam com diversas reações à ideologia dos neogramáticos. E por fim, o texto de Coseriu (1980), nos traz a diversidade da lingüística atual, ele nos aponta algumas correntes que estão presentes nos estudos da atualidade: Estruturalismo, Neo-Humboldtismo, Marrismo, Gramática-Tranformacional e Glossemática. Diante disso, a dificuldade terminológica da lingüística atual pode ser atribuída a diferenças de concepção, por isso é importante que se fique atento a escola ou concepção a que pertence determinada leitura. [1] Ministrada pelas Profs. Drs. Eliana Maria do Sacramento Soares e Neires Soldatelli Paviani. [2] COSERIU, Eugênio. Lições de lingüística geral. Tradução: Evanildo Bechara. Rio de Janeiro: Editora Ao Livro Técnico, 1980. Cineri Fachin Moraes e Gisele Rizzon

Atividades de Linguagem, Textos e Discursos ISD

O INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO (ISD): O quadro sociointeracionista leva a analisar as condutas humanas como ações significantes, ou como “ações situadas” cujas propriedades estruturais e funcionais são, antes de tudo, um produto de socialização. E, a emergência do pensamento consciente resulta da transformação do psiquismo herdado, para a apropriação e interiorização das significações contextualizadas social e historicamente. Sendo as condutas verbais concebidas, portanto, como formas de ação (de linguagem). A ação (discursiva) humana não deve ser dissociada das demandas sociais. Em resumo, para Bronckart, as propriedades das condutas humanas são o resultado de um processo de socialização, possibilitado especialmente pela emergência e pelo desenvolvimento dos instrumentos semióticos. As produções semióticas autônomas (pela distância nas nas relações entre o ser humano e o meio) se configuram em organizações de signos dotados de autonomia parcial. Assim, a semiotização dá lugar ao nascimento de uma atividade que é propriamente de linguagem e que se organiza em discursos ou textos. Os signos são produtos da interação social (do uso) e se organizam nos textos que continuam sob a dependência do uso e, portanto, os significados que veiculam são estáveis apenas momentaneamente, em um determinado estado sincrônico (artificialmente). É através desses textos e desses signos com significações sempre moventes que se constroem os mundos representados definidores do contexto das atividades humanas, esses mundo, por sua vez, também se transformam permanentemente.(p.35) Assim contextualizadas, cabe ainda ressaltar que as produções textuais estão relacionadas aos parâmetros da situação de ação de um agente (ação de linguagem como unidade psicológica). A mais geral das decisões do agente consiste em escolher, dentre os gêneros de textos disponíveis na intertextualidade, aquele que lhe parece o mais adaptado e o mais eficar em relação à sua situação de ação específica. (p.99-100). O conjunto de gêneros de textos elaborados pelas gerações precedentes é denominada intertexto, e como tal, é utilizado, transformado e reorientado pelas formações sociais contemporâneas. É portador de valores de uso em uma determinada formação social. Essa nebulosa de gêneros indexados constitui um reservatório de modelos textuais, ao qual o agente de uma ação de linguagem deverá necessariamente recorrer (p.108). O agente que realiza uma ação de linguagem deve colocar em interface o conhecimento sobre sua situação de ação e sobre os gêneros de textos, tal como são indexados no intertexto e tal como mobilizam os recursos e os pré-construtos particulares de uma língua natural. Esse processo acaba na produção de um texto empírico que é produto dialético entre contexto de ação, representações da língua e gêneros de texto. Tem um correspondente verbal ou semiótico, apresentando características comuns ao gênero (modelo) e propriedades singulares que definem o estilo particular do agente. A produção de cada novo texto empírico contribui para a transformação histórica permanente das representações sociais referentes não só aos gêneros de textos (intertextualidade), mas também à língua e às relações de pertinência entre textos e situações de ação.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DIDÁTICAS PROPOSTAS POR BRONCKART (p.83-89) • Qualquer intervenção didática implica na articulação: – da situação de ensino de uma matéria, isto é, da história de onde ela provém, – das restrições atuais do sistema escolar em que essa situação se insere (práticas escolares e agentes do sistema: pais, alunos...) • Toda a proposição de renovação didática deve considerar os processos de aprendizagem e de desenvolvimento da criança-aluno. • O desenvolvimento de conhecimentos e de práticas novas exige o contato com os modelos a serem adquiridos (ocorrendo no aprendiz por generalização e por conceitualização – construção de sistemas de representação sucessivos). • Diante da impossibilidade social de modificar radicalmente o estatuto e o predomínio do ensino gramatical e considerando os processos de aprendizagem efetivamente desenvolvidos pelos alunos, Bronckart afirma (p.88) que o ensino da língua só pode evoluir na direção de um compromisso, com dois eixos paralelos, incluindo a realização de atividades: – De inferência e codificação que levem a um domínio das principais noções e regras do sistema da língua, e, – De sensibilização às condições de funcionamento dos textos em seu contexto comunicativo, levando-se, localmente, à conceitualização de algumas regras de planificação e de textualização (tempos verbais, organizadores...)
Fonte: BRONCKART, Jean-Paul. Atividades de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo / Jean-Paul Bronckart; trad. Anna Rachel Machado, Pericles Cunha. – São Paulo: EDUC, 1999. Capítulos 1, 2 e 3. Adriana Ferreira Boeira e Lisane Neves