sábado, 28 de junho de 2008

As fronteiras da Epistemologia

O texto apresentado por mim e pela Lisiane foi o primeiro capítulo do livro As Fronteiras da Epistemologia, escrito pelo Prof. Dr. Luiz Carlos Bombassaro, intitulado O contexto como introdução, e que tem como objetivo a contextualização do problema proposto pelo autor e investigado ao longo da obra: "Nossa investigação parte da pergunta pela possibilidade de considerar racionalidade e historicidade como categorias que definem a condição própria do conhecimento." BOMBASSARO (1992, pág. 9). Seguindo o pressuposto implícito à questão que propõe, Bombassaro elabora um perfil antropológico em que toma como referências principais as categorias da racionalidade e da historicidade, definindo-as e entrelaçando-as, fazendo referências à forma como foram tratadas por alguns pensadores da tradição filosófica ocidental. Deste modo, remetendo a Aristóteles e Heidegger, define a racionalidade como uma característica eminentemente humana, relacionando-a diretamente com a linguagem e com a capacidade que o ser humano possui de poder "dizer" o mundo. Processo similar ocorre quando o autor aborda a categoria da historicidade, que, no seu entendimento, é mais do que a disposição do homem em relação à temporalidade, mas remete, também, às dimensões social e cultural de sua existência. No momento seguinte, Bombassaro relaciona as categorias da racionalidade e da historicidade com o conhecimento. O autor pretende estabelecer uma compreensão para as palavras saber e conhecer, entretanto a sua exposição não é suficientemente clara, permanecendo uma certa ambigüidade nas suas explicações. Por outro lado, deve ser reconhecido que ele alcança relativo êxito na apresentação de certas questões envolvidas na definição do que é o conhecimento e em que consiste o ato de conhecer. A exposição do autor, partindo das categorias por ele defendidas (racionalidade e historicidade), passando pela relação entre estas categorias e o conhecimento e pela tentativa de esclarecer os significados de saber e conhecer, conduz ao ponto principal deste trecho do livro: uma análise crítica daquilo que ele denomina as duas epistemologias. Bombassaro trata - primeiro expondo os contornos gerais e, em seguida, analisando criticamente - da tradição epistemológica de viés positivista-lógico (considerando a variante da epistemologia popperiana em sua singularidade, mas também em sua dependência com esta linha de pensamento) e da epistemologia de viés histórico, mais especificamente aquela conhecida como nova filosofia da ciência (representada por nomes como Feyerabend, Kuhn e Lakatos), reconhecendo as linhas gerais de cada uma destas correntes e a oposição entre as suas diferentes perpspectivas. A contextualização que o autor faz destas duas correntes epistemológicas tem como objetivo preparar o terreno para que possa defender o seu ponto de vista: de que a primeira corrente (a positivista-lógica, incluído aqui também o falseacionismo popperiano) estabelece o âmbito da sua investigação no âmbito da categoria da racionalidade, enquanto a segunda corrente (a da tendência histórica) centra a sua investigação no âmbito da categoria da historicidade; e que a epistemologia atual deveria considerar esta dicotomia como um erro, buscando superar este distanciamento não somente através da aproximação destes dois eixos epistemológicos, mas considerando como indissociável da investigação acerca do conhecimento a necessidade de manter uma unidade racional-histórica como pressuposto "epistemológico". A proposta do autor, para ser adequadamente analisada, requer um estudo mais aprofundado do texto apresentado e do livro como um todo. Referência BOMBASSARO, Luiz Carlos. As fronteiras da Epistemologia. Petrópolis: Vozes, 1992.

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